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Fonte - Jornal Diário da Tarde - BH - MG  - Sexta-Feira - 24/11/2006 

Cantagalo volta com força total no Campeonato infantil do SFAC

Depois de uma volta triunfal, a equipe do Cantagalo vem sendo considerada uma das favoritas ao título da categoria Infantil do campeonato do Setor de Futebol Amador da Capital (SFAC). O time, que foi fundado em 89, só se filiou à FMF 10 anos depois, e ao longo dos anos vem passando por dificuldades que muitas vezes impossibilitaram a participação em campeonatos. Depois de ter realizado uma façanha no futebol amador, ao ser campeão invicto do SFAC na categoria Júnior com menos de um ano de filiação, e ter terminado em terceiro lugar no amador, o Cantagalo praticamente parou e só agora voltou aos torneios. “Nossa idéia é fazer um projeto social”, afirma Marcos Pina, presidente e técnico da equipe, sobre a volta do time infantil.

Pina explica que, para participar de um campeonato amador, é preciso gastar muito dinheiro, fator que impossibilitou o Cantagalo de prosseguir ativo depois da conquista de 99. Segundo o treinador, o próprio time júnior que fez sucesso naquele ano, foi uma surpresa: “Havíamos pedidos todos os amistosos antes do campeonato, formamos um time com jogadores que vieram de outras equipes e que foram descartados para o campeonato. Os meninos chegaram a montar uma concentração numa casa de um dos jogadores que estava para alugar, a amizade foi muita”, revela o técnico. Depois dos torneios de 99, o Cantagalo chegou a disputar a Copa Arancio, em 2000, até encerrar as atividades por falta de recursos financeiros.

”No ano que vem, vamos ter escolinha, infantil e juvenil”, é o que planeja Denilson Gambito, vice-presidente e auxiliar técnico do time. Gambito conta que foi preciso desenvolver um outro olhar ao começar a treinar exclusivamente as categorias de base: “Para achar os meninos no infantil é preciso ter olhos diferentes daqueles usados para selecionar atletas no amador”, explica.

A atual equipe infantil do Cantagalo foi formada em um esquema de parceria com a comunidade: “Queríamos montar o time, mas não podíamos pagar aluguel. Encontrei o Sidnei, do Campo Verde, e ele falou que tinha atletas que não iriam jogar e um campo disponível”, conta Pina. Segundo o técnico, a partir disso, o Cantagalo foi formado com atletas da comunidade, e os treinos, realizados no campo: ”O pessoal do Campo Verde foi muito hospitaleiro”, completa.

Trabalho é feito também fora das quatro linhas

Treinando toda quinta-feira, o Cantagalo tem desenvolvido um trabalho consistente, o que lhe permitiu estar na liderança do campeonato da SFAC junto com o Santa Cruz. “Antes do campeonato começar, realizamos muitos amistosos fora de casa pois os clubes tinham preconceito com nossa comunidade”, conta Pina, explicando um dos motivos de seu time estar se saindo bem nos jogos no campo dos adversários. A equipe está até agora com 27 gols marcados em seis jogos, perdendo apenas uma partida no torneio. A esperança de ser campeão é grande, mas o técnico pondera: “Se chegarmos entre os três, nossa tarefa estará cumprida”.

Para William George, meio campo e capitão do Cantagalo, a importância do time e do campeonato vai além dos títulos e das vitórias: “O futebol tira muita gente das drogas e das coisas erradas. Um conhecido meu morreu há pouco tempo por causa de roubo e drogas”, alerta o atleta. Willian conta ainda que sonha em ser jogador de futebol e já começou a fazer teste em equipes profissionais. O mesmo acontece com William Soares, zagueiro da equipe, que já atuou em equipes como o Proesp, Campo Verde e São Bernardo: “Tenho muita vontade de atuar no futebol profissional. E me espelho no Carles Puyol, zagueiro do Barcelona”, conta o atleta.

Porém, mesmo com o sonho, o técnico Pina adverte os garotos: “Sempre falo para eles que devem sonhar, mas isso não deve se tornar uma ilusão. O principal é o estudo” , conta o treinador, que lembra também que para participarem dos campeonatos da SFAC se exige dos garotos que estejam matriculados na escola. Para valorizar os atletas, a comissão técnica do Cantagalo não faz economia: “Fornecemos lanches e frutas durante o jogos, e depois fazemos um tropeirão para o pessoal. Não gostamos que os problemas da diretoria cheguem até os jogadores”, finaliza Pina.

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