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Fonte: Jornal Diário da Tarde - BH - MG - Terça-Feira - 22/05/2007

Projeto Esporte Esperança - 2º Tempo  ajuda garotos e adolescentes no Vista Alegre

O Bairro Vista Alegre conta, há 11 anos, com um projeto destinado às crianças e adolescentes. Garotos e adolescentes da comunidade, dos sete aos 17 anos, têm a oportunidade de passar metade do dia no Esporte Esperança 2º Tempo , projeto desenvolvido pela prefeitura de Belo Horizonte, que foi levado para o bairro pelo monitor de futebol Éder Carvalho Ferreira, o Édão, como é conhecido no meio. Édão foi atleta profissional por 15 anos, iniciando carreira no Atlético e encerrando-a no América, onde permanece como treinador da equipe pré-mirim.

Para manter o projeto, além das dificuldades naturais, ele enfrenta resistência no próprio clube. Para superar todos os problemas, só mesmo com a ajuda dos pais dos alunos: 

"O clube daqui, o Vista Alegre, agora que seu novo presidente assumiu, não tem nos dado o apoio. Tem três meses que estamos sem água. As mães dos alunos que levam pra gente", afirma.

Édão conta que logo depois que encerrou carreira como atleta profissional, ingressou na Associação de Garantia ao Atleta Profissional AGAP, e deu início a esse trabalho social. O projeto tem um convênio com associação. "No meu bairro tinha um campo ocioso, então fui atrás da prefeitura e trouxe o projeto pra cá".

"Atualmente, cerca de 160 garotos passam pelo campo diariamente. Os que estudam à tarde, ficam no campo das 7 às 12h, e depois entra a turma que estuda pela manhã e treina das 13h30 às 18h. Todos os dias, no início do treinamento, reuno os jovens para palestra. Reforço sempre a importância da família, do respeito aos pais. Destaco também que o dinheiro não traz tudo e não é o mais importante, além de alertá-los sobre o perigo do envolvimento com as drogas", explica Édão, que depois da palestra orienta treino físico e depois com bola.

A prefeitura tem cedido material esportivo para os atletas e lanche. A freqüência dos garotos na escola é acompanhada por Édão. O objetivo é tirar crianças e adolescentes das ruas, além de auxiliar na formação de caráter e dar oportunidades àqueles que se destacam no futebol: 

"Nós disputamos campeonatos, mas esse não é o objetivo principal. Quando o atleta se destaca, converso com ele pessoalmente. Tenho o Luizinho no América, o Pelé e o Diego, no Cruzeiro, todos do projeto", afirma.

Recompensa fora das quatro linhas

"Tudo que aprendi com Dona Tiná, minha mãe, tento passar para nossas crianças. Principalmente porque a família é a coisa mais importante do mundo", ensina, emocionado, o treinador. A recompensa por tanto esforço, no entanto, vem em depoimentos como de um ex-aluno do projeto, em um encontro casual. Segundo Edão, esse ex-aluno, que prefere não revelar o nome, disse-lhe que estava encaminhado para o mundo do crime e certamente seria um ladrão ou traficante, mas graças às aulas de Édão tornou-se um homem trabalhador.

Édão, porém, faz questão de dividir o sucesso. Ele conta com o apoio de Franceslau, pai de um dos alunos, além do árbitro Marco Antônio e outras pessoas da comunidade, para manter dentro de seus objetivos.

O professor Édão ressalta, ainda, que a base de seu trabalho está na conversa com os garotos, mas que é importante saber ouvi-los também. Muitos, por falta de referência em casa, acabam se espelhando no técnico, o que requer dele uma conduta sempre coerente com aquilo que prega: 

"Observo os garotos e tento saber o que está acontecendo, os motivos de uma eventual agressividade. O mundo está muito difícil, tento mudar o pouco que posso", finaliza.

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