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História do Mineirão

O projeto de construção do Mineirão antecede a sua inauguração em mais de 25 anos. Na década de 1940, começaram movimentos tímidos, envolvendo dirigentes, empresários, atletas e jornalistas. A idéia era construir em Belo Horizonte um estádio que acompanhasse a evolução do futebol mineiro.

Os três principais times da capital mineira possuíam seus estádios, mas eram acanhados, desconfortáveis e já não suportavam a demanda dos torcedores. O Estádio Otacílio Negrão de Lima (Estádio da Alameda, na Avenida Francisco Sales), do América, o Estádio Antônio Carlos (localizado na Avenida Olegário Maciel), do Atlético, e o Estádio Juscelino Kubitschek (localizado na Avenida Augusto de Lima), do Cruzeiro não suportavam mais do que 10 mil espectadores. O Atlético, time dos sócios mais ricos da cidade, planejava construir um estádio para 30 mil pessoas. Após o título de "Campeão dos Campeões do Brasil", em 1937, o projeto quase saiu do papel. Mas então descobriu-se uma enorme dívida do clube, obrigando os diretores a lotear e vender os imóveis que o clube possuía na região onde seria construído o estádio, na Avenida Antônio Carlos, próximo ao Aeroporto.

No fim dos anos de 1940, o jornalista Canor Simões Coelho conseguiu com a CBD a inclusão de Belo Horizonte como uma das sedes da Copa do Mundo de 1950. Para isso, o município teria de construir um estádio à altura do evento. O acordo oficial foi assinado pelo prefeito Otacílio Negrão de Lima e o presidente da CBD Rivadávia Correa Meyer. O modesto clube Sete de Setembro ficou encarregado de comandar as obras do novo campo.

A construção do Independência era lenta e parecia que não ia ser concluída a tempo da Copa do Mundo. Mas com a intervenção da CBD e da FIFA, a prefeitura de Belo Horizonte assumiu a responsabilidade da construção, e o estádio foi entregue a tempo da partida entre Iugoslávia e Suíça em 25 de junho de 1950, ainda com muitas improvisações. Porém, em pouco tempo a excitação inicial pelo novo estádio foi se acabando, uma vez que os 30 mil lugares disponíveis não atendiam o crescente número de torcedores. O Independência era desconfortável para o público, além de não oferecer boas condições para a imprensa.

No início da década de 1950 já começam as movimentações para a construção de um estádio ainda maior em Belo Horizonte. A primeira delas, iniciada por estudantes de engenharia da UFMG, destacando-se aqui Gil César Moreira de Abreu, consistia no Estádio Universitário, que seria erguido na Pampulha, onde a Universidade era dona de grandes terrenos. Caberia ao reitor ceder o terreno e em seguida obter recursos. Em 1956, o presidente da Federação Mineira de Futebol, Francisco de Castro Cortês propôs a construção do Estádio Municipal, às margens da atual BR-040, próximo a onde hoje existe o BH Shopping. Os recursos seriam obtidos através da venda de cadeiras cativas. Com o apoio do presidente da República, o ex-governador mineiro Juscelino Kubitschek, Cortês chegou a trazer a Belo Horizonte, alguns dos engenheiros que trabalharam na construção do Maracanã.

Com o projeto saindo do papel, o então deputado estadual Jorge Carone é o encarregado da criação da lei que criaria o Mineirão. Parte dos recursos seria obtido a partir de bilhetes da Loteria Mineira: 10% do valor de cada bilhete vendido seria destinado às obras do estádio. O "Estádio Minas Gerais" foi criado com a lei 1.947 de 12 de agosto de 1959, assinada pelo governador Bias Fortes. A lei também previa a criação de uma autarquia que administraria o estádio, a AEMG (que mais tarde viria a tornar-se a ADEMG). Coube aos arquitetos Eduardo Mendes Guimarães e Gaspar Garreto, a alteração do projeto do antigo Estádio Universitário, que comportaria 30 mil pessoas, para um novo e "gigante" estádio, com capacidade para 100 mil pessoas. O terreno escolhido localizava-se na Pampulha, numa área pertencente à UFMG. O então reitor Pedro Paulo Penido foi favorável à idéia, uma vez que iniciadas as construções do novo campus, o Mineirão serviria como atrativo para povoar a então isolada região. Com a aprovação do ministro da Educação do governo JK, Clóvis Salgado, o comodato entre a UFMG e a AEMG foi assinado em 25 de fevereiro de 1960. Assim, iniciam-se as obras do Estádio.


A construção

Quando começaram as obras do estádio, em 1959, engenheiros e operários não tinham certeza de que elas seriam concluídas. Gil César, o administrador da construção, enfrentou crises financeiras, mas soube usar a política em proveito do Mineirão. Apesar do controle extremado dos gastos, as obras enfrentavam, a cada etapa, o esgotamento de recursos. O empréstimo inicial de 100 milhões de cruzeiros evaporou na execução dos primeiros serviços de fundação. Durante um ano e meio, a empreitada seguiu um ritmo lento, trabalhando com equipamento reduzido e com pessoal mínimo indispensável.

Enquanto um grupo agia politicamente para modificar leis que possibilitassem a obtenção de recursos e também convencer o governador Magalhães Pinto de bancar a construção, a AEMG procurava adaptar-se à frágil situação financeira.

O novo estádio foi alçado a emblema para a engenharia nacional ao oferecer inúmeros exemplos de evolução na construção civil. A equipe de engenheiros do Mineirão foi ao extremo nos detalhes. Passou o Maracanã por um verdadeiro raio-x, localizando deficiências que não deveriam ser repetidas no campo mineiro. Em 1964, Gil César foi buscar em Tóquio, onde foram erguidas arenas para as Olimpíadas, novidades sobre este tipo de obra. Os profissionais anotaram particularidades e inovações de engenharia. Preocuparam-se até com a qualidade da grama, balisas e outras minúcias.

A grande dúvida que testava engenheiros e operários era quanto à capacidade de se executar uma superestrutura - uma falsa elipse, medindo o eixo maior 275 metros e o menor 217 metros - utilizando equipamento convencional. Para avaliar e suprimir incertezas, foi projetado um mini-Mineirão, chamado de setor experimental 15 (hoje, abrigando a torcida do Atlético) onde um elo de arquibancadas e coberturas seria submetido a todo tipo de prova. Usinas de concreto, correias transportadoras, graus, carregadeiras e lançadeiras foram testadas. A complexidade da obra exigia barras de ferros em comprimentos que a indústria não tinha condições de atender. A solução veio no próprio canteiro de obras, onde engenheiros e operários utilizaram soldas para promover a extensão das barras.

Com recursos disponíveis podia-se contratar mais gente, mas a AEMG esbarrou na falta de pessoal qualificado. Feita uma concorrência pública para fornecimento de mão de obra, constatou-se ser inexeqüível, pois o preço cobrado - 15 milhões de cruzeiros - era infinitamente alto para o caixa da administração do novo campo. Comprovou-se, no futuro, que o valor pedido pelas empresas daria para construir um Mineirão e meio. Na prestação de contas, o "gigante da Pampulha" consumira um total de 10 milhões de cruzeiros. Diante da inexistência de mão de obra especializada disponível, a AEMG promoveu o treinamento de pedreiros, carpinteiros, armadores e outros profissionais. Turmas inteiras foram formadas, e centenas de operários ganharam qualificação para exercer funções especiais. Neste estágio, a administração conseguiu reunir número necessário e indispensável para tocar a obra em ritmo acelerado. Entre agosto de 1964 e julho de 1965, a construção saltou de um único setor (o experimental) para oferecer ao país o mais moderno estádio do mundo.

Para apressar a construção e abreviar o drama do orçamento, Gil César lançou a operação 24 horas por dia, dividindo em três turnos os três mil operários contratados. O serviço não parava um minuto sequer. Do alto do edifício Acaiaca, no centro de Belo Horizonte, via-se um enorme clarão de luz vindo dos lados do futuro Mineirão. A administração passou a gratificar as equipes por produção e criatividade, promovendo uma competição entre os diversos setores da construção. A idéia do "joguinho local" deu tão certo que muitas frentes foram concluídas bem antes do prazo estipulado. O processo de tempo integral permitiu que o estádio fosse entregue à população em oito meses.


Primeiros anos

Desde 1963 até a inauguração, aproximadamente 5.000 pessoas foram envolvidas na construção. A capacidade original era de 130.000 pessoas. Atualmente o estádio abriga 76.000 pessoas, sendo o quarto estádio em capacidade do Brasil.

Foi inaugurado em 5 de setembro de 1965 em Belo Horizonte, Minas Gerais, com uma partida entre a Seleção Mineira e o River Plate, da Argentina. Com um público de 73.201, as festividades tiveram direito a música, fogos e paraquedistas. Na partida inicial, o combinado estadual venceu por 1 a 0, com gol do jogador do Atlético, Buglê.

O primeiro clássico realizado no estádio Mineirão foi pela final do mineiro de 1965. O Cruzeiro vencia o Atlético por 1 a 0 quando, aos 34 minutos do 2º tempo, alguns diretores atleticanos, alegando a marcação de um pênalti irregular, invadiram o campo afirmando que a falta acontecera sobre a linha da área. O atlético abandonou o estádio antes do encerramento da partida e Cruzeiro ficou com o título mineiro daquele ano, abrindo a Era Mineirão.

Organizado pela Federação Mineira de Futebol, a história do campeonato pode ser dividida em duas partes: antes e depois da construção do Mineirão, que foi inaugurado em setembro de 1965. A época chamada de Era Mineirão marca o crescimento do time mais jovem da capital, o Cruzeiro, que assumiu um papel de destaque no cenário esportivo nacional após vencer o Santos de Pelé na final da Taça Brasil. O Atlético é o maior vencedor do torneio, com 39 títulos. Porém, o Cruzeiro é o maior campeão da Era Mineirão, com 22 títulos após 1965, contra 18 do rival.

Muitos talentos do futebol mundial foram vistos pela primeira vez no Campeonato Mineiro. Jogadores como Ronaldo, Reinaldo, Éder Aleixo e Tostão fizeram suas estréias como profissionais neste torneio.


O futuro

Em 2004, por exigência da FIFA para o jogo das Eliminatórias da Copa do Mundo de 2006 entre Brasil e Argentina, todo o setor das arquibancadas superiores foi coberto por cadeiras numeradas. Posteriormente, as arquibancadas inferiores também tiveram cadeiras colocadas em sua extensão. No mesmo ano, o placar eletrônico também foi trocado. O estádio será novamente a sede do maior clássico sul-americano, agora válido pelas Eliminatórias da Copa do Mundo de 2010, na partida disputada em 2008.

Com a escolha do Brasil como país-sede da Copa do Mundo de 2014, Belo Horizonte, juntamente com Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília e Porto Alegre, já é uma das cidades-sede pré-selecionadas. Para receber as partidas do Mundial, o Mineirão necessita de uma série de reformas para modernização e adequação às normas da FIFA. Dentre as obras necessárias, estão previstos o rebaixamento do gramado e extinção da "geral" (assim como feito no Maracanã), aumento da capacidade dos setores de imprensa e aumento do número de vagas no estacionamento. Além disso, um projeto da prefeitura de Belo Horizonte pretende levar a linha do metrô até as proximidades do estádio.