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RIVELINO

Roberto Rivellino - Meia - São Paulo (SP) - 01.01.1946 

Roberto Rivellino (com dois "l" mesmo) nasceu no primeiro dia do ano de 1946. De família italiana, sempre teve o futebol no sangue. Era conhecido pelo apelido de Maloca nas peladas em que disputava na cidade de São Paulo. As peladas e o futebol de salão acabaram lhe rendendo um incrível domínio de bola e uma capacidade de driblar em espaços reduzidos. 

Sua incrível dedicação e a grande categoria técnica rapidamente conquistaram a apaixonada torcida do Corinthians. Jogava tanto na ponta-esquerda quanto no meio-campo, armando jogadas e fazendo ótimos lançamentos. Além da habilidade fora do comum, chamava a atenção pelo potente chute de canhota, que chegava a assustar os goleiros adversários. 

Talvez influenciado por seus parentes, fez seu primeiro teste para ser jogador no Palmeiras. Não passou. Estava escrito que seu destino era o Corinthians, onde chegou ainda com idade juvenil e clube pelo qual atuou por doze anos. Aos dezenove anos fez sua estréia com a camisa titular do Timão e no mesmo ano já foi convocado para a Seleção Brasileira, participando de um amistoso contra o Arsenal e de outro contra a Hungria.  Em 66, conquistou aquele que seria seu único título com a camisa alvi-negra: a Copa Rio-São Paulo, título que foi dividido com Botafogo, Vasco e Santos. Apesar de ser um exímio cobrador de faltas, dizia não saber bater pênaltis. Não foram mais do que cinco cobrados em toda a carreira.

Só voltou a ser convocado para a Seleção Brasileira em 68, quando marcou seus dois primeiros gols com a camisa canarinho, no amistoso contra a Polônia. Com Zagallo no comando da Seleção, foi titular do Brasil na Copa de 70, conquistando o tricampeonato mundial. Rivelino, que era 10 no Corinthians, vestiu a camisa 11 da Seleção e foi o terceiro maior goleador do time: marcou 3 gols em 5 partidas. Foi eleito, com méritos, para a Seleção da Copa. Os mexicanos se apaixonaram pelo seu futebol e ele recebeu o apelido de "Patada Atômica", em função de seus chutes espetacularmente fortes.

Os cabelos longos e o vasto bigode faziam bem a imagem de um jogador nervoso, raçudo e genial. Foi titular da Seleção também na Copa de 74, quando disputou todos os sete jogos e marcou 3 gols novamente. No final do ano, o Corinthians perdeu o título do Campeonato Paulista para o Palmeiras e Rivelino foi injustamente culpado pela derrota. O presidente Vicente Matheus afirmou que ele era mascarado e não merecia mais atuar pelo Timão. Magoado, Riva (como era chamado pelos companheiros e amigos) foi para o Fluminense. Estreou com a camisa tricolor em 75, justamente contra o Corinthians. Resultado final: Flu 4-1 Corinthians, com três gols de Rivelino. No Flu, passou a jogar mais adiantado, mais próximo do gol para aproveitar seus chutes e dribles desconcertantes. Fez parte da chamada "Máquina Tricolor", time do Fluminense que foi bicampeão estadual. Convocado novamente para a Seleção, participou de três partidas na Copa de 78, sem marcar gols.

Nesse ano, acertou sua transferência para o El Helal, da Arábia Saudita. Foi campeão da Copa do Rei e bicampeão nacional com o time estrangeiro. Desavenças com o príncipe Kaled fizeram com que Rivelino encerrasse sua carreira mais cedo, em 81, aos 35 anos. Em doze anos de Corinthians, o "Reizinho do Parque" (em alusão ao Parque São Jorge, estádio do clube) marcou 165 gols e faz parte da Seleção dos melhores jogadores da história do Timão. Seus 53 gols em 158 jogos pelo Flu também lhe garantiram uma vaga nos 11 da história do tricolor carioca. Muitos o consideram o maior jogador tanto do Corinthians quanto do Fluminense.

Foi titular da Seleção por quase dez anos. Disputou 94 jogos oficiais, marcando 26 gols e só tendo sido derrotado por nove vezes. Incluindo também as partidas amistosas, fez um total de 122 jogos com a camisa da Seleção e 43 gols. É o terceiro jogador que mais atuou em partidas oficiais do Brasil, perdendo apenas para Djalma Santos e Gilmar. No entanto, é o atleta que mais jogou com a camisa da Seleção, contando também as partidas amistosas. Está entre os dez maiores artilheiros da história da Seleção Brasileira.

Rivelino consagrou o drible do elástico. Ele parava em frente ao adversário e ficava de lado para ele. Com a parte externa do pé, levava a bola para o mesmo lado, como se fosse driblá-lo por fora. Então, em um lance de muita agilidade e rara beleza, puxava novamente a bola com a parte interna do pé e passava pelo adversário pelo outro lado. Famoso por aplicar com maestria o elástico, Riva dava os créditos a Sérgio Echigo, um ex-ponta do Corinthians. Segundo Rivelino, Echigo conseguia dar o elástico com dois pés, parado ou em movimento. Foi observando o amigo que Riva passou a aplicar a jogada, que desmoralizava completamente o adversário.

O elástico mais famoso foi o aplicado no vascaíno Alcir (hoje auxiliar-técnico). Em 75, quando atuava pelo Flu, Rivelino deu um elástico que deixou Alcir no chão, driblou mais dois adversários e marcou um golaço de perna direita, lance raro em sua carreira. Além de Alcir, o inglês Kevin Keegan também foi vítima de um elástico famoso quando Rivelino atuava pela Seleção Brasileira.

Seu temperamento forte foi responsável por várias brigas dentro de campo. A mais famosa foi em 77, em um amistoso do Brasil com o Uruguai no Maracanã. Rivelino se desentendeu com o lateral-esquerdo Sérgio Ramirez (hoje técnico de futebol), que o perseguiu por todo o estádio. Riva fugiu e se jogou em um dos túneis de acesso aos vestiários, escorregando por toda a escada. Depois, a briga foi generalizada e os dois acabaram por fazer as pazes anos mais tarde. Anos antes, na Copa de 74, Rivelino também havia brigado com o escocês Bremer, de quem se tornou amigo algum tempo depois. Os desentendimentos com adversários ocorriam em função de sua grande vontade de vencer e de seu espírito de luta.

Depois de encerrar a carreira, abriu duas escolinhas de futebol em São Paulo. Atuou pela Seleção Brasileira de Masters e tentou a sorte como treinador de futebol, chegando a dirigir o Shimizu S-Pulse, do Japão, mas desistiu da carreira. Atualmente, além de manter suas escolinhas, é comentarista esportivo de televisão.

"Se meu time estivesse perdendo, eu chorava."
(Rivelino, ex-craque da Seleção Brasileira)

"Depois de Pelé e Garrincha, Rivelino foi o maior."
(Nelsinho Rosa, técnico de futebol)

"Rivelino é um dos jogadores mais hábeis que já vi jogar."
(Didi, ex-jogador da Seleção Brasileira)

"Vim ver Pelé, mas acabei vendo Rivelino."
(Franz Beckenbauer, depois do amistoso Brasil 2 x 1 Seleção da FIFA em 68)

"Foi em Rivelino que me mirei para jogar. Até hoje, tenho em minha memória seu drible perfeito, seu passe preciso e seu chute indefensável."
(Maradona, maior craque do futebol argentino)