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Pastelaria

O mundo da bola dá muitas voltas. Essa máxima – que vale também para outras coisas na vida – foi sentida na pele e confirmada pelo folclórico e gozador lateral-direito Orli Berger, quase uma “lenda viva” do esporte bretão das barrancas e barrancos do Vale do Aço.

Num desses dias da semana, com o calor beirando os 40 graus à sombra, Orli foi ao supermercado, acompanhado da patroa, para encher as suas vasilhas. Paciente, Orli passava de uma gôndola para outra, comparando preços e conferindo a data de validade dos produtos indicados pela patroa.

Em meio a sacolas e embalagens de plástico, Orli levou um baita susto quando a passagem do seu carrinho de compras foi interceptada por um rapaz forte, de aproximadamente 30 anos de idade, que partiu em sua direção.

Surpreso, e ainda sem entender o que estava acontecendo, Orli parou ao lado do carrinho e esperou o estranho chegar. O rapaz parou ao seu lado, olhou-o da cabeça aos pés e, sério, foi logo perguntando:

- Você é o Orli da “Rua do Buraco”?

Sem saber o que falar, Orli apenas balançou a cabeça, confirmando sua identidade. Antes que a patroa perguntasse o que estava acontecendo, o rapaz foi logo emendando de primeira:

- Você me deve 10 pasteis!

- Pasteis? Que pasteis são esses, rapaz? Você deve estar me confundindo... – afirmou Orli, tentando mudar o rumo da prosa.

- É você mesmo, Orli – retrucou o desconhecido.

Enquanto Orli tentava se lembrar de onde conhecia aquele rapaz e entender aquela história maluca dos pasteis, seu interlocutor, então, abriu um sorriso e “desarmou” Orli.

- Fique tranqüilo, vou te contar – prometeu o rapaz.

E então tudo se esclareceu:

- Essa história tem mais de 20 anos. Eu era menino e vendia pasteis nos campos de Futebol Amador da cidade para ajudar nas despesas de casa. Nesse dia, jogavam, no campo da “Rua do Buraco”, Faixa Azul e Jabaquara do Bom Retiro. Por volta dos 30 minutos do 2º tempo, quando o jogo estava de 0 a 0, houve uma falta a favor do Faixa Azul. Você pegou a bola para bater e eu parei na beira do campo, com o balaio de pasteis às costas. Enquanto você pegava e acariciava a bola, comecei a andar, de costas para não bater o lance. De olho na curva da bola, cuja trajetória era o ângulo do gol do Jabaquara, acabei me descuidando e cai num buraco na beira do campo. Era um canal de esgoto, e eu cai com tudo, perdendo todos os pasteis do balaio. Eram mais de 10 pasteis, e o meu prejuízo foi grande – resumiu o agora declarado fã de Orli.

Sorrindo, aliviado, Orli continuou empurrando seu carrinho de compras. Sem planos de montar uma pastelaria, ele ainda tentou se desculpar:

- Eu sei que faz muito tempo. Mas você podia dar um desconto. Afinal, eu fiz aquele gol...

FILOSOFIA BARATA:

“Quem tem dom e talento não tem dificuldade para jogar”